Educação e paresia foulcalt

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DEMOCRACIA, A CORAGEM DE VERDADE E A EDUCAÇÃO

Antônio Luiz de Moraes - FACED/UFRGS
Resumo: Pretende-se problematizar o princípio constitucional de gestão democrática da educação pública. Valese, principalmente, dos estudos de Michel Foucault acerca da parresía na pequena democracia ateniense, entendida como jogo político indexado ao discurso verdadeiro. Verifica-se que entre parresía e democracia há uma relação de circularidade. Para que haja parresía é preciso haver democracia; para que haja democracia, é preciso haver parresía. Aí se encontra o paradoxo da democracia. O discurso verdadeiro não pode haver senão na democracia, mas a efetivação do discurso verdadeiro introduz na democracia algo totalmente indiferente e irredutível à sua estrutura igualitária. Dessa forma, o discurso verdadeiro é sempre ameaçado pela democracia. Conclui-se que os materiais subsidiários para a constituição dos Conselhos Escolares concernem exclusivamente aos problemas da politeía democrática, isto é, aos problemas do estatuto. Os problemas do jogo político pelo qual o poder se exerce efetivamente na democracia permanecem em segundo plano. Apesar da crescente ubiquidade digital que alarga os limites das grandes democracias contemporâneas, acredita-se que a noção de parresía encerra ricas possibilidades para pensarmos a pequena democracia escolar. Palavras-chave: Democracia — Parresía — Cidadania — Conselho Escolar — Ubiquidade digital.

Sob a perspectiva dos Estudos Culturais, a educação acontece em diferentes espaços do mundo contemporâneo, sendo a escola apenas um deles. Porém, é preciso reconhecer que a escola se organiza principalmente por meio de ações educativas e, por isso, ela se constitui num espaço privilegiado de educação. Dessa forma, o governo da educação passará, necessariamente, e em primeiro lugar, pela estruturação da organização escolar. Por governo, no entanto, não devemos entender, como nos ensina o filósofo francês Michel Foucault (19261984),

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