educação popular nas escolas publicas uma utopia ainda nessessária

EDUCAÇÃO POPULAR NA ESCOLA PÚBLICA: UMA UTOPIA (AINDA) NECESSÁRIA?

Maria Tereza Goudard Tavares – UERJ/ FFP
Noeli Valentina Weschenfelder – UNIJUÍ

“Caminhos não há.
Mas as gramas os inventarão.

Aqui se inicia, uma viagem clara para a encantação.

Fonte, flor em fogo, o que nos espera por detrás da noite?

Nada vos sovino: com a minha incerteza, vos ilumino.”

Ferreira Gullar

Escolhemos o belo poema de Ferreira Gullar para introduzir o nosso texto, por considerarmos que o mesmo, além de ser um alerta aos impasses do presente, é um dispositivo que nos anima a manter viva a chama da luta esperançosa enraizada nos processos coletivos que historicamente fundamentam as práticas do GT de Educação Popular na ANPED. Manter viva e acessa a luta e afirmar a busca de caminhos que possam construir por detrás do momento presente “uma viagem clara de encantamento”, como nos diz Ferreira Gullar, constituem a matéria-prima de nossa “vontade de potência”, expressa na proposta do minicurso A Educação Popular no campo e na cidade: algumas questões teórico-metodológicas, compondo as atividades programadas pelo GT em 2005.
Com efeito, para nós duas, que há quase uma década freqüentamos o GT de Educação popular, apresentando trabalhos, participando das discussões e dos próprios minicursos anteriores, a proposta-desafio de apresentarmos um minicurso, deflagrou uma variedade de sentimentos e expectativas: alegria, acolhimento, ansiedade, reconhecimento, responsabilidade... Em linhas gerais, essa ambigüidade de sentimentos gerou em cada uma de nós um duplo desafio: o autoconvencimento e o convencimento mútuo. Ao convite delicado e potente da coordenação do GT.
No processo de discussão do mini-curso, em seu movimento de construção, íamos aos poucos nesse tempo lento de nossas geografias existenciais, nos conhecendo. Desse modo, criamos o método do “convencimento mútuo”, em que cada uma recuperava na trajetória pessoal-profissional as vozes coletivas trazidas