Educação de jovens e adultos
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO CAMPO E O DIREITO À
EDUCAÇÃO EM (DES)CONSTRUÇÃO
FURTADO, Eliane Dayse P. (UFC) eliane.dayse@pq.cnpq.br
PEREIRA, Sônia (UFC) soniapbarreto@uol.com.br
1. INTRODUÇÃO
Os mais distintos espaços sociais no Brasil vêm sendo afetados, diretamente, a partir do processo de “globalização”, pelas mudanças freqüentes ocorridas na sociedade.
A promoção do desenvolvimento do campo vem
enfrentando dificuldades que merecem ser tratadas de modo a que se construam estratégias capazes de neutralizar os efeitos perversos advindos dessa “mundialização da economia” que refletem diretamente na educação.
As mensagens governamentais proclamam a educação como um direito, inclusive dos trabalhadores rurais, sujeitos que carregam historicamente a tradição perversa do analfabetismo, uma condição social que é tomada quase como um fenômeno natural; ou como uma situação de homens e mulheres que parecem freqüentemente identificá-la com incapacidades próprias, individuais.
Raramente os jovens e adultos do campo relacionam a pouca escolaridade ou o analfabetismo com irresponsabilidade ou inoperância do Estado e de seus governantes na destinação de recursos financeiros e humanos para que o direito à educação lhes seja assegurado. O quadro de analfabetismo e precariedades na educação de jovens e adultos (EJA) do campo, um dos mais graves e persistentes sintomas desta situação, que afeta diretamente o crescimento e desenvolvimento sustentável do campo, tampouco é visto como conseqüência de fragilidades na organização da sociedade para tornar efetivo o direito à educação inscrito na Carta Constitucional de 1988.
Sendo modalidade de educação, marcada pela ausência de políticas públicas definidoras de ações sistemáticas e contínuas, as práticas de EJA no
Brasil, e no Ceará, desde os seus primórdios têm sido caracterizadas por experiências pontuais e descontínuas, e pelo descaso