Educaçao na republica
REVISTA SEMESTRAL DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO DA UNIV.FEDERAL DO PIAUI. 2013 (No prelo)
A Educação e escolarização da infância em Portugal (1910-1974).
A celebração em 2010 do 1.º centenário da proclamação República portuguesa decorreu já num contexto de grave crise económica mas também política e ideológica. Considerámos que revisitar a obra educativa do período inicial da República seria, como historiadores da educação, a melhor forma de homenagearmos aqueles que lutaram por uma nova sociedade, fundada na educação como motor de transformação económica e de desenvolvimento humano. Analisar um período de intensos debates e tentativas reformadoras, pretende ser também um contributo desapaixonado para nos confrontarmos com as dificuldades e derivas com que nos defrontamos na atualidade e construirmos coletivamente a Esperança.
A educação foi sem dúvida o grande desiderato da 1.ª República portuguesa. Os republicamos portugueses tinham um diagnóstico da situação mas acima de tudo possuíam um projecto para o país. Todos os quadrantes políticos da época conheciam a realidade educativa e sabiam também como ela era umas das condicionantes do desenvolvimento económico. Os registos estatísticos, que se iniciaram nos finais do século XIX, davam uma imagem demasiado crua para poderem ser ignorados. Apesar de no período monárquico se terem dado passos no sentido de uma progressiva estruturação do sistema de ensino, não encontramos nada de comparável com o projecto global de reforma da instrução pública da República. Esse projecto funcionaria como orientação global das políticas sequentes, apesar de todas as inconstâncias da ação governativa.
Independentemente dos desenganos da acção prática, os revolucionários de 1910 atribuíram prioridade à alfabetização do povo português. Assim, mal a Revolução triunfou, encetaram uma série de medidas que assumiram um carácter emblemático para a educação.