Economia
Recuperação econômica e atraso
Valor Econômico
Ter, 23 de Março de 2010 10:26
Por Pedro C. Chadarevian
O déficit estrutural é tão grande que cria infinitas oportunidades de investimento, com resultados quase imediatos
Não resta mais dúvida que a economia brasileira está entre as que mais se destacam na atual conjuntura de recuperação econômica pós-crise financeira global. Seria perda de tempo esforçar-se em provar o contrário. Exceção feita à China, que não entrou em recessão, o Brasil é a economia que mais rapidamente se recupera, no seleto grupo das dez maiores potências do planeta. Essa conjuntura excepcional - a previsão é de expansão de até 5% em 2010 - tem causado verdadeira euforia entre os representantes de multinacionais instaladas no país. Apesar da redução nos investimentos, o Brasil manteve um nível elevado nas vendas e não sofreu o temido aumento na inadimplência, garantindo assim a retomada de margens significativas nos negócios.
O momento agora chama à reflexão dos economistas a respeito das possíveis causas desse sucesso impressionante. Mas não totalmente inesperado. O governo apostava em uma "marola" ao fim de 2008 e, convenhamos, errou por pouco. O Brasil termina 2009 com crescimento zero, o que o situa muito acima de países desenvolvidos que seguem em depressão, como os da zona euro, o Canadá e a Grã-Bretanha; mas também representa um desempenho melhor que alguns de seus rivais, digamos, subdesenvolvidos industrializados, como México ou Rússia. Ainda de acordo com o discurso oficial, a recuperação brasileira seria devido às políticas anticíclicas utilizadas pelo governo a fim de estimular a economia. Essa argumentação, contudo, não resiste a uma avaliação crítica, como a que trataremos de esboçar a seguir.
Ora, o Brasil é a potência econômica que menos gastou com o pacote de estímulos para reativar a economia. Por si só, essa já seria uma razão suficiente para desconfiar da ausência de relação entre as políticas