Economia e Sociedade Nota W Cano
Wilson Cano 2
Tanto a “Crise de 1929” quanto a atual apresentam algumas características semelhantes, porém outras muito distintas. Ambas afetaram fortemente a América Latina, mas a primeira, pelo menos para seus principais países, reforçou um movimento de transição das estruturas econômicas, políticas e sociais que já dera alguns passos iniciais na década de 1920, desaguando, já no início da década de 1930, numa “ruptura com o passado”, alterando o padrão de acumulação e instaurando um efetivo processo de industrialização e urbanização.
Mas, face à quase generalização das políticas econômicas de corte neoliberal, a atual crise, pelo que se pode ver até o momento, parece não poder utilizar as forças dinâmicas que possibilitariam uma nova ruptura para a retomada de um processo de crescimento acelerado e de transformação progressista. Lembremos, resumidamente, o significado da crise anterior.
1 Principais lições da “Crise de 1929”
A economia dos EUA, entre 1921 e 1928, ao mesmo tempo em que atravessava um “boom” pelo lado real, exorbitou o crescimento pelo lado financeiro, com expansão do crédito e taxas de juros muito baixas, estimulando os mercados de valores e o imobiliário.
Pelo lado real, alguns sinais já se manifestavam antes de outubro de 1929: como a reacomodação baixista dos preços agrícolas, especialmente das commodities, ao longo do período; estouro de bolha imobiliária no sul em 1925; desaceleração da demanda de imóveis e a de automóveis já a partir de 1927-28.
Ao mesmo tempo, a Europa tentava se recuperar dos efeitos negativos da Primeira
Guerra, mantendo, entretanto, políticas econômicas controversas entre vários países, especialmente entre a Inglaterra e a França. Pelo lado financeiro, lembremos que aquela década mostrava alta volatilidade internacional dos fluxos de capitais, fortes descasamentos de prazos entre aportes de capitais americanos e aplicações por europeus, notadamente pelos alemães, e, nos