doutores negros na universidade

Introdução
Na minha formação escolar, sempre vi e incuti a imagem do negro como escravo sem nenhuma outra referência que não essa. Nunca tive, sem exceção, nenhum professor que dissesse o contrário do que estava estampado no livro didático. O negro no lugar de subserviente, subalterno, trabalhador braçal, empregado doméstico e outros tantos trabalhos de caráter servil, ou seja, onde a ideologia do branco determinou que fosse seu lugar durante várias e várias gerações.
Em setembro de 2008 em um curso sobre História da África com o Prof. Dr. Salomão, ele relatou à turma que sua filha mais nova lhe fez a seguinte pergunta: “Pai, você nunca foi escravo? Ele ficou olhando a filha sem falar nada, em seguida ela concluiu: - “porque todo negro é escravo”.
Isso comprova que a escola não mudou seu discurso etnocêntrico e racista.
Essa prática pedagógica escolar de se calar frente a assuntos que são considerados polêmicos e o mais terrível a meu ver, tornar invisível essa desigualdade tão denunciada por tantos intelectuais durante a história , faz com que outras tantas gerações continuem a ter como leitura principal livros didáticos que trazem no seu bojo a pintura de Debret com um negro sendo açoitado em praça pública. Logo abaixo, informações sobre a Libertação dos Escravos, e quem foi a generosa senhora que proporcionou o fim desse triste capítulo na história do Brasil. Um conteúdo didático medíocre, mentiroso e racista.
Esta escola reproduz o discurso monocultural que permeia grande parte da sociedade, e, com isso, o preconceito e a desigualdade entre negros e brancos continuam nas escolas primárias e secundárias de nosso país. Não citei aqui a academia, subentenda-se que, se nas séries iniciais a prática pedagógica tem esse caráter discriminatório, a academia o tem ainda mais. Universidade foi feita para os brancos, e, isto está comprovado diante dos indicadores quantitativos (dados do IPEA e IBGE) de pesquisas sobre docentes negros que atuam nas