Doutor

486 palavras 2 páginas
Logo no início da Seção 17 da Segunda Dissertação da Genealogia da moral, Nietzsche enuncia dois desdobramentos da sua hipótese sobre a origem da máconsciência, a saber: que a mudança histórica que circunscreve o homem “no âmbito dasociedade e da paz” (NIETZSCHE, 2009, p. 67) foi uma ruptura causada pela coerçãode uns sobre outros, e não um processo gradual gerado voluntariamente entre oshomens; e que a transformação de uma população livre em “matéria-prima humana...não só amassada e maleável, mas também dotada de uma forma” também só foipossível graças à força bruta da violência. Mas antes de passarmos à análise dasconseqüências de sua hipótese, voltaremos brevemente à seção anterior pararelembrarmos a origem que Nietzsche atribui à má consciência.Quando o homem selvagem foi forçosamente submetido à regularidade da paz ecostumes sociais, ele se viu sem inimigos e resistências externas, passando a investircontra si próprio os seus instintos naturais de hostilidade e crueldade. Para o filósofo, amá consciência tem início com esse processo de interiorização do homem. Em suma, foiesse “semianimal” quem inventou a má consciência. Nas palavras de Nietzsche, “ahostilidade, a crueldade, o prazer na perseguição, no assalto, na mudança, na destruição– tudo isso se voltando contra os possuidores de tais instintos: esta é a origem da máconsciência.” (Ibid. p. 68).Agora, de volta à Seção 17, podemos compreender melhor porque Nietzscheatribui ao Estado a responsabilidade pelo processo de interiorização do homem. Emcontraposição aos filósofos contratualistas que postulavam que a origem do poder civilse dera através de uma convenção livre e espontânea entre os homens, o genealogista damoral entende que o Estado, na verdade, nasceu da força organizada e guerreira dehomens conquistadores – “um bando de bestas louras” (Ibid. p. 69). Numericamenteinferiores, mas com um poder de mando e de organização infinitamente superior, taisconquistadores teriam se lançado contra aqueles homens

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