Dos meios às mediações

A emergência das massas provocou uma inevitável convivência com o diferente nos espaços das cidades. Este processo fora bem visto pelos moradores antigos das mesmas, gerando uma reação contra o elemento ameaçador, tentando deixa-lo às margens da sociedade. Os indivíduos submetidos ao processo de exclusão (exclusão em todas as esferas, econômico, afetivo, social, etc.) tendem a introjetá-la e reproduzi-la na elaboração de sua identidade. Nesse sentido, vale destacar que a afirmação da identidade se estabelece a partir do contato com o outro, visto que esta é construída pelo contraste.
Partindo dessa problemática será analisado a construção e a projeção das identidades das personagens principais dos filmes “Estômago” (2007) do diretor Marcos Jorge e “Whisky” (2004) dos diretores Pablo Stoll Ward, Juan Pablo Rebella, uma vez que estão em um quadro de exclusão. Como fio norteador para tal análise temos o capitulo “Os processos: dos nacionalismos às transnacionais” da obra “Dos Meios às Mediações” de Martín-Barbero. O autor adapta o estudo da modernidade e os meios de comunicação ao contexto da América Latina, pensando em uma forma que não o reduza a uma imitação dos países desenvolvidos e que a diferença latinoamericana que não se simplifique ao atraso.
O filme “Estômago” conta a história do nordestino Raimundo Nonato (João Miguel) que se muda para uma cidade grande com o objetivo de melhorar de vida. O filme é marcado pela transição de momentos da história em dois ambientes da sociedade: dentro e fora de um presídio. A história começa no presídio e logo em seguida começa a contar sobre sua chegada em Curitiba, dessa forma Nonato nos é apresentado sem uma identidade pré-existente, uma vez que não temos informações sobre sua vida antes de sua chegada nesta cidade, sendo que ele não possui dinheiro nem lugar onde ficar.
Assim, se passa por um processo de construção identitária. O primeiro momento dessa construção se estabelece na cidade, através de seu talento