DOENÇA E TERAPIAS ESPIRITUAIS-ALTERNATIVAS NAS RELIGIOSIDADES ESPÍRITA-CRISTÃS

2373 palavras 10 páginas
DOENÇA E TERAPIAS ESPIRITUAIS-ALTERNATIVAS NAS RELIGIOSIDADES ESPÍRITA-CRISTÃS
Izabela Matos F. Mendonça

Tema polêmico em toda a história da humanidade, a doença relaciona-se antagonicamente com a saúde na medida em que, do ponto de vista lógico, a presença de uma define a ausência da outra: a doença como falta de saúde, e a saúde como ausência de doença.
Incompreendida pelo homem, desde os primórdios das civilizações, a doença era divinizada e associada à vontade dos deuses, os quais poderiam tanto causá-la quanto curá-la. Numa concepção mágico-religiosa, o adoecimento era entendido como uma desobediência, um castigo ou uma maldição dos deuses; e a cura, como a salvação pela vontade divina. Dessa forma, além dos deuses, somente seus representantes terrenos (sacerdotes, pajés, xamãs, feiticeiros, curandeiros) poderiam curar, tratar as enfermidades e intervir no processo de adoecimento, reintegrando o doente ao cosmo e à ordem estabelecida (SCLIAR, 2007; OLIVEIRA, 1985).
No Ocidente, a concepção mágico-religiosa da doença prevalece até que Galeno (129-a. C. 210) resgate o pensamento racional hipocrático de que a doença não teria causa divina ou sagrada, mas natural, e, para se reestabelecer o equilíbrio terapêutico, era preciso entender a natureza. Fiel ao pensamento naturalista de Hipócrates, Galeno recupera sua teoria “humoral”, segundo a qual haveria no corpo quatro fluidos principais (bile amarela, bile negra, fleuma e sangue) que, em desequilíbrio, causaria a doença. Nesse período, inicia-se o processo de consolidação da corporação médica como detentora do conhecimento filosófico e verdadeiro. Apesar disso, até o Renascimento, por influência da religião judaico-cristã, coexiste a visão naturalista de Hipócrates com a ideia da doença como punição ou maldição (SCLIAR, 2007). No final do século XV e início do século XVI, o desenvolvimento da anatomia, através da dissecção oculta de cadáveres, afasta a concepção humoral hipocrática, rompendo com as velhas

Relacionados

  • praticas religiosas atuando no tratamento de dependentes de drogas
    127348 palavras | 510 páginas
  • Transfusão de sangue em testemunha de jeová
    2134 palavras | 9 páginas
  • RELAÇÃO TERAPEUTA PACIENTE
    37921 palavras | 152 páginas
  • O ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NA PERSPECTIVA DA ESPIRITUALIDADE
    31848 palavras | 128 páginas
  • O tema da espiritualidade no campo da saúde: contribuições para a Psicologia
    20641 palavras | 83 páginas
  • Sandra Maria Chaves Machado
    35655 palavras | 143 páginas
  • O homem e o sagrado
    12139 palavras | 49 páginas
  • Atuação do enfermeiro na assistencia espiritial e religiosa.
    35135 palavras | 141 páginas
  • Almas Enclausuradas
    52745 palavras | 211 páginas
  • Depressão: corpo, mente e alma
    50038 palavras | 201 páginas