Documentario migrantes
Filme fruto de parceria entre quatro universidades federais mostra a hipocrisia do discurso da “modernidade” no campo brasileiro e expõe realidade dos migrantes nordestinos. Obra de 2007 está agora disponível no YouTube.
Do Piauí, do Maranhão e de outros Estados, migrantes brasileiros deixam suas famílias e “desabalam para São Paulo”. Vai todo mundo “pro corte de cana”. Seu Luiz, do município de Codó, no Maranhão, é um deles. “Não sei se eu vou, não sei se eu não vou, meu Deus. Aí fica naquela, sabe? Mas que vai resolvendo eu ir”, conta.
“Por mim ele não ia não”, conta a bem-humorada sogra de Luiz, Tereza. “Eu acho dificultoso ele pra lá e nós pra cá. A mulher dele fica aí sofrendo”. Quando foi pela primeira vez, ela completa, chegou “magrinho, magro demais”. Luiz argumenta: “Na idade que eu tô, pra ir não é porque eu queira. É por necessidade. Porque se eu não ir, aqui não tem como me ajudar meus filhos. De maneira alguma”.
A dura realidade de Luiz e de outros milhares de cortadores de cana-de-açúcar é tema do documentário “Migrantes” (2007), fruto de uma parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O documentário pode ser acessado desde novembro de 2010 na página de vídeos YouTube.
Esta é uma realidade pouco conhecida. Os jornais, TVs e revistas costumam destacar a “modernidade do campo” e o desenvolvimento agrário brasileiro – automatizado, justo e sem grandes problemas, cuja principal ameaça seriam os grupos de trabalhadores politicamente organizados. Um belo roteiro de ficção.
A realidade é o foco deste documentário. Entre outros assuntos, trata dos “grandes fazendeiros”, que cercam a terra, expulsam a população local e não deixam ninguém mais produzir – mas também não produzem. A consequência é conhecida dos pesquisadores e trabalhadores