Doce Primavera

Doce Primavera
Fernanda Ferreira de Abreu “Sim”. Essa foi a palavra que definiu meus respectivos 12 anos até agora. Não sabia ao certo o que estava fazendo. Reflito até hoje, nas incontáveis horas acordada, será que teria sido um erro? Na verdade, não tem muito o que se pensar, o que tá feito, tá feito. Não posso revogar meu juramento com Deus e com meu matrimônio, este já estava selado. “Até que a morte nos separe, amém.” Pra falar a verdade, meu relacionamento andara desgastado desde o nascimento do nosso segundo filho. Foi quando, por infortúnio da vida, praticamente fui obrigada a largar o emprego que tanto me fez feliz. Carlos sempre me dissera que é impossível conciliar trabalho com a família, até que finalmente dei o braço a torcer. Brigas incontáveis e ameaças de divórcio começaram a povoar meus dias. Entretanto não poderia esquecer dos meus filhos, não podia simplesmente largar tudo por puro egoísmo, eles mereciam, como toda criança, uma família unida e feliz. Tenho que confessar que não me lembro ao certo desde quando fiquei completamente dependente do meu marido, até mesmo pra comer precisava de seus trocados. Entretanto, me recordo perfeitamente do dia em que tive plena consciência de que seu dinheiro não foi o suficiente pra me satisfazer. Foi no inverno. Agosto pra ser mais precisa. Estava cozinhando o que seria o almoço, quando recebi o interfone, um colega de trabalho e, também, amigo pessoal do meu marido estava querendo conversar comigo. Pensei comigo mesma o que ele queria, até porque naquele horário meu marido ainda se encontrava no expediente. Assim que o recebi, ele foi direto ao ponto. Começou com uma conversa estranha, dizendo que meu marido saía todo dia mais cedo do trabalho e ele se encontrava bastante preocupado. Eu não sabia o que responder, na verdade, não havia o que responder. Até porque todos os dias Carlos chegava por volta das 22 em casa, e sempre dava a desculpa de que estava no