Do distanciamento entre ego e personagem à atriz a beira do abismo
Um olhar sobre os processos de interpretação de Sandra Vargas
Sandra Vargas, Bacharel em Artes Cênicas pela Uni-Rio, é alguém a quem o teatro tocou desde muito cedo. Abandonou o atletismo para iniciar-se no teatro e sentiu-se desafiada, ao mudar-se do Chile para o Brasil, a fazer teatro em outra língua. Após ingressar na Universidade e, ao fazer o contato com Luiz André Cherubini e Miguel Vellinho, fundou, junto a eles, o Grupo Sobrevento, um dos principais grupos de teatro do Brasil. Numa entrevista a mim concedida em 1º de outubro de 2014, Sandra contou sobre quando e como começou a fazer teatro, quando surgiu o teatro de animação em sua vida e de que forma se deu a construção de seu interesse por tal linguagem, falou sobre a relação ator-manipulador e das diferenças e dificuldades abarcadas por esse tema, além de discorrer a respeito de seu trabalho de atriz, tratando da influência do trabalho de manipulação em sua interpretação e vice-versa, além de também tratar um pouco sobre a interferência da maternidade em sua maneira de interpretar. O teatro de animação quase sempre recebeu um olhar que segmenta os trabalhos de atuação e de manipulação nele inseridos, trabalhos estes que são, muitas vezes, indissociáveis. Este ensaio busca, partindo desde sua visão primeira sobre o teatro que faz hoje até o momento em que se tornou mãe e em que isso implicou no seu trabalho de atriz, lançar um olhar sobre processos de interpretação de Sandra, que, em tantos anos fazendo teatro de formas animadas, afirma nunca sentir ter deixado de fazer um trabalho de atriz.
“Deus me livre, fazer teatro de bonecos!”
O olhar preconceituoso que persegue quem atua no teatro de formas animadas não era diferente do de Sandra logo no início de sua carreira. Durante sua graduação na Uni-Rio, ela havia participado da montagem de uma peça que fora muito bem-sucedida, junto a uma série de outros alunos,