Direito
O texto tem como eixo temático a circulação do livro didático na história recente do Brasil, que vem sendo objeto de minhas pesquisas há alguns anos.
A hipótese é que as políticas públicas para o livro didático e as editoras privadas deixam marcas na seleção do livro que é feita nas escolas, levando para este processo determinantes de mercado, que precedem a escolha do professor e implicam a construção do currículo em ação nas escolas. Constitui-se, então, num campo de estudo privilegiado para se entender a relação escola e mercado.
Por conta disso, no decorrer de minhas pesquisas, três instâncias fundamentais foram estudadas: as editoras de didáticos, com ênfase na sua área comercial; as ações governamentais, com foco no Programa Nacional do Livro Didático
– PNDL – e a escola. Neste artigo, porém, enfatizamos apenas o mercado das grandes editoras de didáticos, traçando um panorama histórico deste setor, assim como apresentamos boa parte de suas práticas comerciais e a reconfiguração deste mercado, com a entrada das grandes multinacionais no
Brasil, suas novas estratégias e o que isto implica para as escolas brasileiras.
PALAVRAS-CHAVE: Mercado editorial. Livro didático. Políticas públicas.
Educação.
Em Questão, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 281-312, jul./dez. 2005.
Célia Cristina de Figueiredo Cassiano
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1 Introdução
Nossa proposta é tratar da circulação dos livros didáticos no Brasil a partir das principais editoras que têm atendido ao governo, com regularidade, no fornecimento de livros escolares, desde a implementação do Programa Nacional do Livro didático – PNLD – (1985 até 2005). A partir disso, situamos o aparecimento de todas elas e apresentamos a reconfiguração que o mercado brasileiro de didáticos está apresentando frente à entrada das editoras