Direito

Recife, 03 de agosto de 2010 / SAUDAÇÃO PARA AULA INAUGURAL

Quis começar a primeira aula deste semestre com palavras de incentivo e encorajamento em direção a um objetivo específico: destruir o mito da “vocação para o direito”. Não se enfraquece a força de um mito, sem outros mitos, sem uma mágica mais forte e potente. O feitiço do qual depende esta saudação pretende destacar uma “condenação” existencial suprema chamada l-i-b-e-r-d-a-d-e. Enquanto a vocação sugere uma pré-determinação ao sucesso, a liberdade sugere uma construção contínua, um tipo de zelo e cuidado perante os vazios que surgem na caminhada estudantil e profissional. Tive o impulso de buscar a presença desta liberdade que está em todos nós num livro de título Cartas a um jovem advogado, escrito por Francisco Müssnich e já na sua terceira edição. Por mais que o autor negue as contribuições familiares do seu passado: um bisavô “ministro e secretário dos Negócios do Império de D. Pedro II”, um avô “ministro da Justiça do governo Vargas” por dois anos (p.3), ele assume a importância da “genética” da mãe como “parte” de suas “inclinações jurídicas”, para dizer que o “Direito” foi mesmo uma “primeira paixão” (p.4). E aí está uma trama já quase decidida, visto que além de somar “paixão” e “Direito”, o autor logo confessa seu apreço pelos sermões do Padre Antônio Vieira e pelos ensinamentos sobre a “expressão escrita” (p.5) que deles retirou. Assim que concluí o capítulo 1 senti-me no final de um jogo de futebol empatado em “zero a zero” entre times da série D. Por quê? Apenas porque eu buscava uma narrativa de grandes viradas, com desfechos improváveis, enfim, sempre procurei um livro de alguém que teve sucesso na área jurídica, mas que começasse a trajetória estudantil ou o 1º período do curso simplesmente sem qualquer facilidade. Em outras palavras, um livro de alguém com uma paixão diferente - ódio pelo Direito! Como surgiu esta motivação e busca? Não me interessam só as histórias dos