Diego
4.1 Introdução
A ética reside em todos os discursos. A propósito das condutas humanas ainda capazes de chocar, levantam-se as vozes dos moralistas a invocar a necessidade de um repensar comportamental. Ética infelizmente é moeda em curso até para os não costumam se portar eticamente. Não é raro que as proclamações morais de maior ênfase provenham de pessoas que nunca seriam rotuladas éticas. Compreensível, que muitos já não acreditem na validade desses propósitos. Trivializou-se o apelo á ética, para servir a objeto os mais diversos. Nem todos eles compatíveis com o núcleo conceitual que a palavra pretende transmitir. Ética, no Brasil, sofre de anemia. Já se disse que ela é anoréxica. Fenômeno que parece ocorrer também com outros vocábulos quais JUSTIÇAS, LIBERDADE, IGUALDADE, SOLIDARIEDADE E DIREITOS HUMANOS. Encontra-se em todos os discursos, ensaios e manifestações. Debilitam-se as fronteiras de sentido e eles passam a ser conceitos ocos. Todos querem se valer do prestigio de seu conteúdo, os ouvidos se refugiam ao abrigo da insensibilidade. Já não se suscetíveis de emocionar. A repetição é cansativa. Acredita-se desnecessária a reiteração. Aquilo que parece servir para tudo, na verdade, para nada mais serve. Os conceitos já teriam sido adequadamente assimilados e estariam a causar efeito inverso. Há quem chegue a expressar fobia ente a mera menção à palavra ETICA.
O núcleo comum a todas essas palavras enfermas é sua evidente carga emotiva. São expressões que se impregnam de sentimento. Distanciam-se do sentido racional. Adicione-se tratar-se de locuções de enunciado nada singelo. Encerram a complexidade própria as questões filosóficas. Seu uso freqüentes reforça a convicção “de que o objeto próprio da filosofia é o estudo sistemático dessas noções