Dialogo sobre violencia
Arquivado em: Psicologia
Escrito por Eduardo Simonini
Qua, 16 de Novembro de 2005 18:22
Entrevista a Eduardo Simonini - Jornal Tribuna Livre-1998.
1 - Como a Psicologia vê a violência humana?
A violência, de uma forma ou de outra, nos remete a uma sensação de defesa. Usamos da violência quando buscamos tanto nos defender de perigos externos e imediatos, quanto nos defender de nossos próprios medos e inseguranças interiores. Tornamo-nos violentos quando nos sentimos ameaçados seja física ou moralmente. Por um estranho paradoxo, quanto maior nossa incerteza, nossa fragilidade, nossa insegurança e nosso medo..., maiores são as possibilidades de atitudes violentas (tanto na busca de mostrarmos potência, força, quanto na busca de proteção) 2 - Ela difere em função do tempo e lugar ou é uma manifestação independente do estado de selvageria ou evolução?
O ser humano, a fim de viver em sociedade, necessita de regras que ordenem o convívio social. Tais regras nos são oferecidas pelo grupo que nos envolve desde o instante em que nascemos. A evolução social do ser humano se deu principalmente graças à capacidade de produzir linguagem simbólica. É a partir da linguagem que as regras são transmitidas pelas gerações. Como cada grupo possui suas regras, a consideração do que vem a ser violência muda de grupo para grupo. Atitudes violentas podem ser correlacionadas a lutas por sobrevivência (seja em sociedades de alta tecnologia, seja em tribos indígenas), mas é o contexto social quem dirá se as atitudes em questão caberão ou não dentro dos moldes aceitáveis por aquela cultura e de seu momento histórico. Por exemplo: no nosso contexto cultural, em um momento de guerra é permitido matar um inimigo do País, mas não é permitido matar um inimigo pessoal durante uma briga de bar. No primeiro caso temos "patriotismo", no segundo "violência", "assassinato".
3 - A violência está dentro do homem e sofre interferências