desumanização
O ser humano desde tempos remotos foi lentamente alterando a sua percepção e o seu nível de interação com o ambiente. Suas populações, ao mesmo tempo em que se estruturavam como sociedades complexas, perdiam a dimensão da complexidade do todo onde estavam inseridas.
Um dos fatores primordiais dessa ruptura homem-ambiente foi, sem dúvida, o surgimento da tecnologia. Na interpretação do geógrafo Milton Santos (1994) “o homem se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do planeta, armando-se de novos instrumentos para tentar dominá-lo”.
A partir disso, a espécie humana começa a assumir um papel de protagonista, frente a toda a extensa variedade de espécies que com ela compartilha a Terra. A relação horizontal, anteriormente existente, desloca seu eixo de forma a se verticalizar, e passa a operar de uma forma dicotômica, separando o Homem – exercendo um posto de dominação – do restante do planeta.
Pouco a pouco essa dicotomia vai se arraigando também na relação entre os próprios homens, criando mecanismos de dominação social, cultural e econômica. Em um momento onde o mundo a cada dia apresenta um quadro maior de exclusão, conflitos, violência e crises com variadas origens e em diversos locais, é preciso refletir se o mesmo processo de ruptura entre nós e o ambiente não teria em seu cerne o mesmo fator desencadeante da “desumanização” das próprias relações humanas.
Vale ressaltar, que nesse mesmo escopo de discussão encontra-se a evidente crise ambiental que em sua completude e complexidade enovela-se ao que o Filósofo Edgar Morin chama de “Crise Civilizatória”. Embora nenhuma dessas crises possa ser considerada como “unicausal”, ambas tem um fator comum: a ação humana, ou mais precisamente das ações estimuladas pela nossa percepção e, consequentemente, pela nossa interpretação errônea do mundo.
Como nós percebemos o que está à nossa volta? Por quais lentes temos lançado o nosso olhar para o mundo, para a natureza e para