descriminaçao

Uma amiga, que trabalha em escola particular, contou-me um fato que considerei importante. O filho, de seis anos e que cursa o primeiro ano do ensino fundamental, disse a ela que não queria mais ser negro. Quando a mãe perguntou o motivo, ele imediatamente respondeu que, sendo o único aluno negro na escola, era diferente de todos os outros e isso o incomodava. Um especialista sugeriu a essa amiga à leitura, para o filho, de um conto de Mario de Andrade chamado “Será o Benedito”. De forma bem resumida, o conto apresenta a relação de estreita camaradagem entre duas pessoas muito diferentes: um homem branco da cidade e um garoto negro do campo. Ela leu para o filho e as conversas que a história rendeu entre ambos foram muito boas.
Ela teve a idéia, então, de sugerir a leitura para alguns professores da escola. Assim, sem grandes pretensões, pelo menos alguns deles irão criar para seus alunos a oportunidade de trabalhar, por meio do conhecimento, o preconceito racial.
Depois de a professora discutir com os alunos em sala sobre essa questão e de ler o conto a todos, o comportamento dos colegas com o filho da minha amiga foi muito melhor, todos passaram a ver ele com uma pessoa “normal” e não o deixava de canto mais. O menino acaba voltando a querer ir à escola e sendo bem aceito pelos colegas, pois a sala viu que ele poderia ser legal mesmo sendo de raça diferente.
O filho dessa amiga, por exemplo, observou que a maioria dos adultos e crianças que ficam nas esquinas pedindo esmola é negra.