descricao a casa

Renascer com cores
De paisagem Morta, em Paisagem Morta: Vida!
Se alguém diz, de boca cheia, que Vasco da Gama descobriu Moçambique, eu digo, de boca vazia, que descobri Virgílio Tamele.
Digo de bica vazia porque a arte é um exercício individual, por vezes camuflado, que exige do sujeito, ELE, e não de quem, por acaso o “descobre”. Só se descobre o que já existe. E neste caso existe por mérito próprio, por existência e persistência. Quem olha para esta colecção entende o esforço e dinâmica, não só de realização, mas de crescimento. É uma revelação própria, uma trajectória individual da incipiência à maturidade. E como comentarista ou analista, não tenho nada a ver com esta dinâmica.
Eu explico: Por mero acaso visitei a casa do meu vizinho. Por mero acaso tive a curiosidade de olhar à volta. Por mero acaso os meus olhos caíram numa bela colecção de arte.
Quem visita o estúdio “santuário” deste artista encontra desde relíquias como se de um antiquário se tratasse, peças raras, raríssimas. E quadros. Paisagens mortas. Umas tímidas, outras menos tímidas. Todas portadoras de mensagens que se adivinham profundas. Reveladoras de inflexões íntimas, escondidas. Umas vestidas de cores palpáveis e gritantes como o vermelho, o amarelo, outras prontas a ficarem diluídas na transparência da aquosidade, quase escondidas no simbolismo de uma personalidade que diz, através de traços, linhas, cores, e símbolos.
Chama a atenção a colecção de flores de todas as cores. Uma obsessão por lírios. Lírios vermelhos, amarelos, azuis, lírios….
Uma visita mais atenta e demorada conduz olhar para as diferentes mensagens que eles, os quadros e os lírios, nos transmitem: fundo morto, cores vivas fazendo contraste de emoções, entre o introspectivo, furtivo e o comunicativo ou mesmo efusivo, exuberante: um debate intimista revelado no contraste das cores e na insistência do objecto escolhido, apresentado em múltiplas dimensões.
Uma flor, uma paisagem. Nada de problemático para o