Descartes

1992 palavras 8 páginas
RESENHA:
Intermitências da morte
Elisabete Peiruque
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Único ser vivo a ter consciência de sua finitude, o homem tenta encontrar consolo - ou afastar o medo talvez - falando da morte e de sua inevitabilidade. Por ser ela uma constante na sua experiência da vida antes de se tornar o fim para ele próprio, elabora teorias filosóficas e cria formas artísticas sobre o enigma do sentido de viver para morrer. A vida inclui a morte que o homem não deixará jamais de rejeitar, mesmo tendo consciência da impossibilidade de viver para sempre. “O homem é a criança enlouquecida diante da morte” (Leneru, apud Morin, O homem e a morte, 1970, p. 269).
Um olhar para a história das artes mostra pinturas e obras literárias cuja temática é a morte, aparecendo freqüentemente como começou a ser representada a partir do século
XII, isto é, o esqueleto coberto por um manto monástico e uma foice na mão. Essa é assim uma das formas pela qual a morte surge no romance de José Saramago,
Intermitências da morte.
Como realidade invisível, porém implacável, ela é o centro dos dois núcleos que constituem o romance do autor português. Sua ausência desencadeia - em um espaço sem nome e num tempo não datado, mas que certamente se trata do nosso por uma série de indícios - uma catástrofe em termos romanescos, o que leva o leitor a pensar na real necessidade da morte para a renovação da vida. Mesclando situações absurdas, impossíveis, com outras que seriam realidades caso os homens não morressem,
Saramago mostra um mundo ambíguo formado por milhões de pessoas que, eufóricas porque a morte desapareceu de seus horizontes, sentem-se paradoxalmente aliviadas quando ela volta a ser uma presença, independente da suas vontades e atos.
Seguindo-se a essa verdadeira reportagem, ainda que fantástica, onde a ironia reina pela voz do narrador, o romance desenvolve um segundo núcleo onde o leitor vê tanto a imagem tradicional da morte como a sua

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