Democracia

A política que chamamos dos antigos é essencialmente a de Atenas e Roma. Uma forte ideia dos antigos é que não haveria boa política dissociada da ética. Na Grécia a democracia era direta, havia uma participação essencial do corpo político. Há no mundo grego um reconhecimento explícito na função do governo e do poder, a antiguidade clássica era alheia a ideia de Constituição, havia a plena consciência de que “a lei somos nós”, ou seja havia identidade entre o povo e o governo, a percepção de que a sociedade forma o indivíduo, o objeto da atividade política é o reforço da coletividade, ou seja, fazer política e também afirmar o caráter coletivo dessa atividade. A noção de cidadania na antiguidade era particularizada e restrita aos assuntos comuns.

Na modernidade temos a noção de cidadania universal, as questões saem da esfera privada e tomam dimensão pública. Temos a ideia de Estado-nação que se choca com o princípio de universalidade, a lei é para todos. Embora as diferenças ainda sub-existam e sejam determinantes na aplicação das leis, para o imaginário moderno, a imortalidade, o ideal se transmuta de alguma maneira pela noção de progresso. Porque certamente a mais forte das ideias políticas, em nosso tempo, é a de democracia. Ela é ocidental, grega. De Roma, tiramos também uma ideia forte que é a república, ou seja, a convicção de que o poder deve estar voltado para ares publica, a coisa pública, o bem comum. A política moderna não é das virtudes, mas dos interesses. Em outras palavras, a política moderna sustenta-se numa ideia de sujeito.

Segue uma comparação às políticas antiga e moderna, entre parenteses é a moderna

Democracia direta (representativa), participação ampla (restrita), poder executivo (coletividade), fonte popular das leis (leis fundadas em agente externo), leis mutáveis (imutáveis), o Estado somos nós (o Estado são os outros), a sociedade forma o indivíduo (o indivíduo forma a sociedade), política como atividade coletiva (política como