A população de Atenas devia ter, no século V a.C., uns 400.000 habitantes. Ao lado dos cidadãos, havia os “metecos” (estrangeiros domiciliados em Atenas); os escravos, muito mais numerosos que os cidadãos; as mulheres; os jovens abaixo de 18 anos: nenhum desses participava das questões comuns; não são cidadãos livres, como se não fossem seres humanos.Aos poucos, todas as questões de interesse público foram tratadas em comum, sob o olhar de todos. São trocados argumentos e contra-argumentos. Trata-se de persuadir, de demonstrar, é preciso desenvolver a arte da palavra. O poder retórico de convicção torna-se o elemento decisivo dofuncionamento da sociedade. O futuro da cidade, a decisão de fazer a guerra e a paz, a repartição das terras, colonizar ou não tal terra estrangeira, tudo o que se apresenta como o destino do grupo será decidido com uma lógica racional.Clístenes não criou a democracia ateniense, mas criou as condições que iam permitir a existência da democracia, fazendo com que todos os cidadãos fossem iguais perante a lei, uma lei que doravante seria a expressão da vontade do “demo” inteiro.Na democracia ateniense são vistos que três instituições fundamentais dividem o poder.1 - A “Ecclésia” = assembleia do povo.Ela era aberta a todos os cidadãos (30.000 ou 40.000); mas 6.000 eram suficientes para as grandes decisões; em geral compareciam somente 3.000 ou 4.000.A sessão durava do nascimento ao pôr do sol e votava as leis, a paz e a guerra, podia tirar dos atenienses os seus direitos de cidadão, ou decidir um processo de ostracismo que bania por dez anos um cidadão cujo poder ou ambição eram temidos.2 - O Conselho de quatrocentos cidadãos: a “boulê”,que funcionava todos os dias para assegurar a continuidade do governo. Esse conselho devia executar as decisões da assembleia, examinar os projetos de leis, fiscalizar os magistrados, assumir a administração do dia-a-dia, e gerir as relações exteriores.3 – Os magistrados, necessários para aplicar as decisões do