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Nº 03 – Janeiro/junho – 2008

O papel estratégico da Arqueologia na delimitação de terras indígenas e quilombolas

Pedro Paulo A Funari

Pedro Paulo A Funari é professor titular do Departamento de História e Coordenador do Núcleo de
Estudos Estratégicos, ambos da Unicamp.

Resumo: o artigo começa por discutir as definições epistemológicas sobre os estudos estratégicos como disciplina. Desde o século XVIII, a disciplina tem tratado de temas militares e desde Von Clausewitz a sociedade tem estado no centro das questões estratégicas. No Brasil, o processo democrático fundou-se na diversidade como valor social essencial. Neste contexto, a preservação das comunidades indígenas e quilombolas faz parte da estratégia nacional para a promoção da diversidade e a
Arqueologia tem um papel neste processo.
Abstract: The strategic role of archaeology for the establishment of native and maroon lands in Brazil. The paper starts by discussing the epistemological definitions relating to strategic studies as a discipline. From the late 18th century, the discipline has been concerned with military matters and from von Clausewitz society has been at the heart of strategic issues. In Brazil, the democratic process has been grounded diversity as a key social value. In this context, the preservation of native and maroon communities is part of the national strategy for the promotion of diversity and archaeology has a role to play in this process.

Os estudos estratégicos passaram por transformações ingentes nas últimas décadas. O século XIX foi pródigo em sábios germânicos que formularam preceitos à época revolucionários e cujo pressuposto e conseqüência foram discutidos nos séculos seguintes, até os nossos dias. Foi em ambiente prussiano, que se formulou a primazia do conhecimento objetivo, a busca da realidade em sua materialidade e efetividade.
Leopold von Ranke propôs saber “o que propriamente aconteceu” (wie es eingentlich gewesen1). Na esteira dessa