david le breton
Corpo e sociologia: etapas
O caminho histórico da reflexão feita sobre a corporeidade humana pode ser traçado desde os primeiros passos das ciências sociais, no decorrer do século XIX. Recorrendo a uma simplificação, distinguimos três momentos fortes que descrevem simultaneamente três pontos de vista, três maneiras de encarar o tema e que ainda hoje persistem na sociologia:
a) Uma sociologia implícita do corpo que, embora não negligencie a profundidade carnal do homem, não se detém verdadeiramente nela. Aborda a condição do ator nos diferentes componentes e, sem se esquecer do corpo, dilui, no entanto, sua especificidade na análise.
b) Uma sociologia em pontilhado: proporciona sólidos elementos de análise relativos ao corpo, mas não sistematiza a reunião dos mesmos.
c) Uma sociologia do corpo: inclina-se mais diretamente sobre o corpo, estabelece as lógicas sociais e culturais que nele se propagam.
Faremos referência mais adiante ao campo que desenvolve e suas conquistas.
I - Uma sociologia implícita
Essa formulação emprestada de J.-M. Berthelot caracteriza sobretudo o inicio das ciências sociais, principalmente durante o século
XIXS. Nelas, a corporeidade humana é vista através de ângulos de análise mutuamente contraditórios.
Incidencias sociais sobre o corpo
A primeíra via de análise, através da situação social dos atores, produz que não podem escapar à condição física.Nessa concepção o homem é visto como uma emanação do meio social e cultural. Numerosas são as pesquisas sociais que apontam a miséria física e moral das classes trabalhadoras, a insalubridade e a exigüidade das moradias, a vulnerabilidade às doenças, o recurso ao álcool, a prostituição freqüentemente inevitável das mulheres, o aspecto miserável dos trabalhadores duramente explorados/ a terrível condição das crianças obrigadas a trabalhar desde a mais tenra idade. Sobretudo os estudos
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