Cultura, memória e identidade da cidade de Amarante
Uma arquitetura de “pura expressão popular”, assim é descrita a arquitetura civil do século XIX da cidade de Amarante pelo pesquisador Paulo Thedim Barreto, quando esteve no Piauí a serviço do IPHAN nos seus primeiros anos de existência, ainda na década de 30 do século passado.
Uma arquitetura de amplos telhados estruturados por troncos de carnaúba, de aparência agradável e em harmonia com o meio. Assim é Amarante, este sítio histórico que tem desafiado o tempo no aguardo do seu reconhecimento, pelo poder público, como expressão cultural dos habitantes desta região e formadores da nação brasileira.
Para efetivar este reconhecimento a Superintendência do IPHAN no Piauí realizou os levantamentos, diagnósticos e estudos necessários para a conclusão do processo de tombamento federal do Conjunto Histórico e Paisagístico de Amarante. Este artigo apresenta algumas das motivações que levaram à realização deste projeto e busca difundir a importância desta ação de valorização do patrimônio cultural brasileiro.
A antiga vila de São Gonçalo do Amarante fazia parte de uma rede de vilas condicionadas aos criatórios de gado bovino e à navegação fluvial e não de um projeto isolado. Nesse espaço público, único documento legítimo de caracterização dessa cidade, escala, estética e história definem assim o valor cultural dos conjuntos arquitetônicos de Amarante. De notáveis intenções plásticas, em uso da população e ainda em bom estado de conservação, embora com perdas irreparáveis provocadas pelo
espírito desatento de administradores da coisa pública, o sentido social desse ambiente expressa a qualidade de vida local.
A dimensão social desse acervo pode ser aferida pela existência das unidades que simbolizam tradições locais do habitar e construir e pela interpretação do significado histórico, arquitetônico e paisagístico do conjunto. Nesse sentido, podemos entender as casas e ruas antigas de Amarante, não como unidades