Crônica sobre a corrupção

Crônica sobre a corrupção

* Por Paulo Fernandes do Nascimento.

Nestes últimos tempos, mais que em todos os outros desta vida labutada de brasileiro, há uma vontade contínua de se olhar no espelho e, com todo o ar dos pulmões, bradar, com orgulho incomensurável, e em alto e bom som: “EU SOU BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO, COM MUITO AMOR!”.

Daí a pergunta talvez crucial: “Mas porque, só agora, depois de tanto tempo, pode este sentimento patriótico estar tomando proporções tão alardeadoras?” Simples. Nossos legisladores estão começando a perseguir o bom senso e a decência, e começaram por tentar alijar do seio da nossa sociedade a prática terrível de uma mistura mórbida – a ingestão de bebida alcoólica e direção veicular – que tristemente vitima milhares de pessoas por ano no país. Promulgaram uma lei, no calor e emoção de sucessivas mortes, sancionada pelo presidente da República, muito embora até agora se discuta sua constitucionalidade.

Resultados advindos da referida lei? Multas pesadíssimas, retenção da carteira nacional de habilitação, suspensão do direito de dirigir e, em casos mais graves, até a persecução penal em juízo são as medidas tomadas contra os motoristas que são pegos dirigindo após terem ingerido uma quantidade, ínfima que seja, de bebida alcoólica.

Colossal rigidez por quê? Deveras óbvio. Esta mistura mórbida, como já definido acima, trouxe, e ainda traz, desgraça e rastros de sangue e desilusão a muitas e muitas famílias. Deixou muitos filhos órfãos, muitos pais chorando, muitas noivas em vias de subir ao altar. Trouxe ainda despesas incalculáveis ao erário para reabilitar as vítimas que mais sorte tiveram e não sucumbiram diante desta tragédia. Despesas ainda com o pagamento de pensões às viúvas, auxílios-acidentes, seguros, dentre outros benefícios que se paga a estas tristes vítimas.

Talvez esta lei, apelidada de Lei Seca, seja só um início para se acabar com o maior mal deste País: a impunidade. É aí que vem a parte desta