Crônica jogo de varzea

Jogo de Várzea Se o despertador não tocasse exatamente às dez horas da manha, o jovem Dieguito não iria se perdoar, devido à importância de seu compromisso. Hoje um belo Domingo de Sol, é a final do campeonato de várzea organizado por Tião, um senhor com uma respeitada fama nesse meio de competição. Ao se levantar se depara com sua irmãzinha no banheiro sendo lavada por sua mãe após ter se recuperado de um longo período de constipação intestinal. Sem a devida paciência e tempo necessário para aguardar, pega suas coisas necessárias para o jogo sai correndo e no meio do caminho se lava no tanque ainda com a roupa suja para ser lavada. Após longos quinze minutos de espera no ponto de ônibus, onde para si se tornou uma eternidade resolve ir a pé, ou melhor, correndo. Ao passar em frente a uma casa azul na terceira quadra onde o portão se resumia apenas em uma cerca furada, o mais ilustre guardião do pedaço que se chama Mocotó a quem tanto teme sai ao seu encontro em uma enorme carreira latindo como se estivesse enfrentando mil de sua raça, porém Mocotó caiu como uma luva para aquele momento, pois o motivou ainda mais para acelerar sua corrida e encurtar o seiu precioso tempo. Exatamente às dez e meia Dieguito se apresenta a Tião, todo ofegante com o cadarço do tênis desamarrado indagando onde seria o vestiário, pois queria vestir o uniforme afirmando que estava aquecido e pronto para o jogo. Tião por sua vez o fitou nos olhos e perguntou: - Isso são horas? - Como assim? -perguntou Dieguito - Não assiste televisão, entramos no horário de verão, o jogo já acabou, vencemos por quatro á três nos pênaltis – disse Tião. Por um momento Dieguito saiu meneando a cabeça e com profunda lamentação por não ter dado sua contribuição mesmo sabendo que seu time foi o campeão, e vendo Tião que era evidente sua decepção saiu após ele e o abraçou fazendo a seguinte afirmação: -Sabe o quanto precisamos de você e o fato de você não ter chegado a tempo não nos fez enfraquecermos, pelo