Crise
No momento em que atravessa sua mais grave crise política e econômica, a União Européia (UE) celebrou ontem uma conquista histórica: o Prêmio Nobel da Paz de 2012. A decisão do comitê de experts, anunciada no fim na manhã, em Oslo, na Noruega, pegou de surpresa a opinião pública do bloco de 27 países.
Nas principais capitais do continente, a notícia foi recebida como uma bênção por líderes políticos e intelectuais pró-integração, que enfrentam uma contestação crescente de partidos de extrema direita e movimentos nacionalistas. Ontem mesmo em 90 cidades da Itália, estudantes protestaram contra a eliminação de bolsas e a declaração do ministro da Educação, Francesco Profumo, que defendeu para os estudantes a política de "porrete e cenoura".
Até a manhã de ontem, nomes como o de Maggie Gobran, diretora de um instituto para auxílio à infância no Egito, Gene Sharp, americano que milita por revoluções não violentas, e Sima Samar, ativista afegã da luta contra o uso da burca, eram apontados entre os favoritos em uma lista de 231 indicados. Dessa relação, também fariam parte Julien Assange, fundador do WikiLeaks, e até a rede de TV do Catar Al-Jazeera, por sua cobertura da Primavera Árabe. Poucos apostavam, mas a imprensa norueguesa já evocava a possibilidade de que a UE seria a contemplada.
O anúncio foi feito em comunicado: "O Prêmio Nobel da Paz foi atribuído à União Européia por ter contribuído durante mais de seis décadas para a promoção da paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos na Europa", dizia o texto.
A seguir, o coordenador do Comitê Nobel Norueguês, Thorbjorn Jagland, ex-primeiro-ministro do país - reputado por sua posição pró-integração -, justificou a escolha. "A UE enfrenta atualmente graves dificuldades econômicas e distúrbios sociais consideráveis", ponderou, lembrando que a integração transformou "um continente de guerra em um de paz". "O Comitê Nobel