Cotas Raciais

Supondo que as cotas raciais não levassem em consideração a condição socioeconômica dos indivíduos:
A maioria dos brasileiros tem ao menos um ancestral negro/índio. Esta grande parcela da população teria acesso às cotas raciais - mesmo os de pele clara e/ou traços europeus, frutos da miscigenação característica do nosso povo, já que podem se autodeclarar como quiserem. Então um descendente de uma pessoa que pertence a uma ou mais das etnias contempladas pelo critério das cotas raciais, mesmo tendo durante sua vida acadêmica acesso a escolas particulares de primeira linha, concorreria francamente com outro indivíduo que também desfrutaria dessas cotas, porém, por sua vez, tendo estudado em uma das escolas com estrutura mais precária de sua cidade.
Isso seria justo? Acredito que hão de concordar comigo que não.
Então a justiça no acesso às vagas no ensino superior não consiste na segregação da população brasileira entre (descendentes de) negros/índios e não-negros/índios, senão na criação, como remédio a curto prazo, da possibilidade de indivíduos de baixa renda – e, consequentemente, com menos oportunidades - concorrerem com outros na mesma condição socioeconômica.
A cota racial só entra nessa equação pelo apelo político/midiático: “estamos pagando uma dívida histórica”. Esse discurso é a ponta visível de um iceberg fundamentalmente pautado numa ideologia coletivista, respaldada pelo “politicamente correto”. Uma “compensação” aos descendentes de negros/índios (pela história de exploração e discriminação que estes sofreram – porém nem todos estes e nem só estes) não justifica por si só a definição do critério de acesso às cotas. Sem levar em consideração o fator socioeconômico, exemplos bizarros como o que eu dei se perpetuariam. A injustiça no processo persistiria.
No final das contas tudo se reduz à questão socioeconômica. As cotas raciais na verdade só põe em cheque a capacidade de negros pobres de competirem com brancos tão pobres quanto. Isso acaba por