corujas

3174 palavras 13 páginas
A coruja na gaiola
Alessandro Pinzani
Eu gostaria de iniciar minha fala sobre o que é, em minha opinião, a filosofia, tentando responder a outra questão: o que é o filósofo? Ao fazer isto, serei menos sistemático, menos “alemão”, por assim dizer, e me aproximarei à problemática por uma via oblíqua, “francesa”, para seguir na metáfora.
Partirei de uma observação de Dominique Grisoni: “Sócrates morreu porque quis fazer política. Vivemos sob o signo de sua condenação. Pois a lição foi compreendida. A partir daquele dia, o filósofo já não quer morrer”. O que isto quer dizer? Embora todos nós, que nos ocupamos com filosofia, nos consideremos herdeiros de
Sócrates, nada há de mais diverso do nosso modo de fazer filosofia do que sua maneira de filosofar, de praticar filosofia. Sócrates vaga pela cidade, fala com qualquer cidadão, pergunta e ouve o que os outros lhe podem dizer sobre assuntos como a justiça, a moral, a religião. Sócrates é uma mina vagante, sempre capaz de detonar numa assembléia, num banquete, numa simples conversa entre amigos. Nós, pelo contrário, somos acadêmicos. Desde Platão — o discípulo de Sócrates que viu morrer o amado mestre, e como reação, em vez de percorrer as ruas de Atenas questionando os concidadãos, funda a Academia — a atividade do filosofar se torna sedentária. Segura. Tranqüila. Na visão popular, o filosofo é símbolo da tranqüilidade da alma ou, pelo menos, da busca dela, da renúncia às paixões, da distância do mundo. Com a Academia platônica nasce a faculdade de filosofia, pelo menos como idéia, embora não de fato. A filosofia se transforma de atividade dialética que pode ser cumprida no espaço público da rua e da praça e pode envolver todos os homens, num saber especializado acessível a uma minoria de indivíduos em lugares apropriados. (Entre parênteses: Uma vez Derrida, ao falar sobre a universidade numa universidade, lembrou seu público do fato de que “aqui, não é um lugar indiferente”, ou seja, neutro:

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