Corpo e estratégias de identificação na midiatização presidencial
Bruno Ollivier mostra nesse texto as maneiras que a mídia tem afetado o discurso político com suas inovações. A partir do momento em que o audiovisual e a internet passam a ganhar maior predominância, o corpo do chefe de estado volta a ter destaque. Usando as categorias Aristotélicas, Ollivier afirma que o logos passa a dar lugar ao pathos e ao ethos.
O corpo em uma instância semiótica passa a simbolizar a imagem do governo. O autor nos mostra como exemplo que no início da imprensa caricaturas do governante eram feitas para desmoralizar o poder local.
Ollivier analisa o desempenho junto a mídia de três presidentes no período de 2009. Silvio Berlusconi, da Itália, Nicolas Sarkozy, da França e Barack Obama, dos Estados Unidos. Cada um desses presidentes ofereceu a seu público uma diferente maneira de se identificar.
Silvio Berlusconi seria um exemplo interessante em sua relação com a mídia: É uma personalidade política que ascendeu como empreendedor televisivo e midiático. Em 2009, o jornal italiano La Reppublica publica uma série de fotos de prostitutas em sua residência com a presença de outros políticos, como o primeiro ministro Mirek Topolanek..
Jogando com todos os elementos de um escândalo, e tendo seu corpo privado atacado (sua sexualidade sendo exposta ao público e se misturando com sua vida política), Berlusconi usa do discurso de proximidade para com o homem comum. Diante dos jornais, faz declarações como “Há um monte de belas moças por aí, eu não sou um santo” e apela para a identificação com o público. Vendo seu corpo político se misturando com seu corpo pessoal, o ex-apresentador de televisão não pensa duas vezes em usar a imagem de homem viril para reverter a situação e provocar uma aproximação com o povo (especialmente o povo masculino). Ollivier cita o pensamento de Jauss, e diz que esse é o tipo de identificação associativa, onde o homem enxerga em seu governante um semelhante