Contos

2489 palavras 10 páginas
Missa do galo

Nunca pude entender a conversao que tive com uma senhora, h muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos missa do galo, preferi no dormir combinei que eu iria acord-lo meia-noite. A casa em que eu estava hospedado era a do escrivo Meneses, que fora casado, em primeiras npcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceio, e a me desta acolheram-me bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatrios. Vivia tranqilo, naquela casa assobradada da rua do Senado, com os meus livros, poucas relaes, alguns passeios. A famlia era pequena, o escrivo, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. s dez horas da noite toda a gente estava nos quartos s dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasies, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam socapa ele no respondia, vestia-se, saa e s tornava na manh seguinte. Mais tarde que eu soube que o teatro era um eufemismo em ao. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceio padecera, a princpio, com a existncia da combora mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito. Boa Conceio Chamavam-lhe a santa, e fazia jus ao ttulo, to facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lgrimas, nem grandes risos. No captulo de que trato, dava para maometana aceitaria um harm, com as aparncias salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O prprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simptica. No dizia mal de ningum, perdoava tudo. No sabia odiar pode ser at que no soubesse amar. Naquela noite de Natal foi o escrivo ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu j devia estar em

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