Considerações sobre a Globalização por Milton Santos

A história da humanidade sobre a terra é a história de uma ruptura progressiva entre o homem e seu entorno (SANTOS, 2008). No início o homem colhia da natureza apenas o necessário para suas necessidades, com o tempo isso já não foi mais suficiente. O comércio, nos tempos modernos, impôs novas necessidades às pessoas, e a evolução dessa atividade fez emergir a economia mundializada. O cenário necessário para que isso fosse possível, foi a adoção pelas sociedades de um sistema técnico único, o que ocasionou perda da referência local. Esse contexto foi imprescindível para a globalização, pois, ao relativizar o espaço e tempo em termos mundiais, incentivou o paradigma da aceleração (condição necessária para que houvesse aumento de produtividade por unidade de tempo), estimulando, no final das contas, a competitividade. Com a globalização o capital foi organizado para explorar os recursos que cada lugar tem com a finalidade específica do lucro.
Os objetos são criados para atender finalidades específicas e as pessoas são submetidas a um forte discurso para convencê-las que elas realmente necessitam desses objetos. A mídia tem grande papel nesse convencimento distorcido, é o triunfo da apresentação sobre a significação. A universidade também não tem colaborado para o real esclarecimento das pessoas, pois o cientificismo da universidade atrapalha o entendimento abrangente da realidade, matando a criatividade e a originalidade, o verdadeiro saber não tem mais espaço.
A natureza artificializada foi um grande marco na mudança da história humana. Três etapas formam a periodização do meio geográfico:
1. Meio natural: homem usava a natureza sem grandes transformações. Ex: rotação de culturas na agricultura.
2. Meio técnico-científico: introdução das tecnologias no meio produtivo. O meio geográfico tornou-se artificial. Ex: revolução industrial.
3. Meio técnico-científico-informacional: representa a atual etapa em que se encontra o capitalismo. Está relacionada a Terceira