Considerações em Torno do Ato de Estudar

No início do capítulo intitulado Considerações em Torno do Ato de Estudar, de seu livro Ação Cultural para a Liberdade, Paulo Freire aponta que uma bibliografia deve refletir a intenção, por quem a elabora, de despertar, no leitor ao qual foi destinada, o desejo de aprofundar seus conhecimentos, pois uma bibliografia que não desafia o leitor, se torna inútil. É necessário estudar os livros citados e não apenas folhea-los. É nesse sentido que o autor pontua que estudar é um trabalho difícil, pois exige uma postura crítica e uma disciplina intelectual de quem o faz. Numa “educação bancária” o sujeito não tem sua curiosidade estimulada e bibliografias não têm o sentido de desafiar o leitor, pelo contrário, as leituras vêm a ser mecânicas e a importância não está na compreensão do conteúdo e sim na sua memorização. Em contra partida, em uma visão crítica, o educando se sente desafiado pelo texto e tem o objetivo de apropriar-se de sua significação profunda. Ao assumir esta postura crítica, quem estuda deve assumir o papel de sujeito do ato de estudar, ou seja, não se alienar ao texto e buscar compreendê-lo através de relações a outras dimensões afins do conhecimento. Delimitando e fichando o texto o leitor o estudará melhor, pois poderá fazer reflexões em razão do tema proposto. Assim como também deve ter a consciência de que estudar é uma atitude em frente ao mundo, pois os livros refletem e expressam o enfrentamento de seus autores com o mundo. O autor ainda ressalta que quem estuda deve sempre assumir uma postura curiosa e que ao realizar constantes registros de suas observações durante uma determinada prática, acaba-se criando uma ficha das ideias que podem vir a serem desafios posteriormente respondidos. Além disso, o estudo de um tema específico exige do estudante que se ponha, sempre que possível, a par da bibliografia que se refere ao tema. É também imprescindível que se estabeleça uma relação de diálogo com o autor do texto para que seja