Conjuntura Imperial
Primeiro, os aspectos econômicos da conjuntura imperial, ou seja, as conseqüências do fim da idade do ouro para o sistema luso-brasileiro e o seu impacto sobre a política colonial de Portugal no Brasil.
A crise do ouro teve início quase imperceptivelmente nos primeiros anos da década de 1760 e adquiriu impulso até alcançar repercussões de proporções catastróficas. A produção das minas brasileiras tinha começado a declinar (CARDOZO, 1946, p. 137). A exaustão do ouro aluvial, numa economia tão dependente do ouro brasileiro em setores específicos, tinha de produzir conseqüências de amplo alcance.
A renda real do ouro mineiro caiu bruscamente. A quota de 100 arrobas fora satisfeita e excedida na década de 1750. No decênio seguinte, o quinto rendeu a média de apenas 86 arrobas de ouro, e entre 1774-85 caiu novamente a média, agora para 68 arrobas1. O impacto sobre a cunhagem de moedas foi imediato. As emissões monetárias caíram mais de 50% nos anos desta década de 1770 (MACEDO, 1951, p. 167).
O colapso do setor do ouro teve dramático impacto sobre o grupo de interesses cujo canal de intercâmbio dependia do ouro: a vulnerável interconexão que ligava indiretamente os ingleses ao ouro de Minas Gerais. Realmente, a redução do comércio britânico com Portugal atingiu o limite do catastrófico com o valor das exportações de produtos ingleses caindo para a metade entre 1760-70 (SCHUMPETER, p. 17).
O término da idade do ouro tanto teve aspectos positivos quanto negativos, pois a recessão produziu uma alteração no ambiente em Portugal, que abriu importantes possibilidades ao governo do País. Posta diante da decadência geral das reexportações coloniais e do conseqüente declínio da capacidade de importar, mas com a demanda interna sustentada pela exportação de alguns produtos metropolitanos e coloniais, a substituição de importações era uma solução pragmática natural. A recessão antecipou e acompanhou o celebrado desenvolvimento industrial de Pombal. A