Conflitos religiosos

vergonha não seria para nos se essa raça infiel, tão justamente desprezada, que degenerou da dignidade humana, vil escrava do demônio, levasse a melhor ao povo eleito de Deus todo-poderoso... de um lado estarão miseráveis privados dos verdadeiros bens, e do outro homens cumulados das verdadeiras riquezas; de um lado combaterão os inimigos do Senhor e de outro os seus amigos" (LE GOFF, 1983)

Havia muitas motivações por trás das cruzadas ― religiosas, econômicas, sociais — porém um dos fatores que mais impulsionou a "Guerra Santa" foi talvez o sentimento negativo em relação aos mulçumanos. Para a crístandade Medieval, Maomé era um dos piores inimigos; surgia sempre em referência ao Anticristo. Conforme Le Goff "as cruzadas foram preparadas e organizadas mediante toda uma propaganda que trazia a primeiro plano dos ódios cristãos os adeptos de Maomé". (IBID.)
Examinando agora motivos econômicos e sociais, podemos afirmar com Hilário Franco Jr. (FRANCO JR., 1981), que o feudalismo esteve na origem do fenômeno das cruzadas. Isso porque o feudalismo Possibilitou uma expansão demográfica na Europa Ocidental a partir de meados do século X; primeiro porque com o feudalismo, os contatos comerciais se tornaram menos intensos, e ocorreu um maior isolamento entre as regiões Ocidentais, o que dificultou a difusão de epidemias e, conseqüentemente baixou o número de mortes. Em segundo lugar, diminuíram as invasões estrangeiras e as grandes batalhas. Por último e não menos importante, houve um aumento nos recursos naturais, devido a uma vasta extensão de terras inexploradas, e uma suavização do clima europeu por volta do ano 1000.
Devido a essa expansão demográfica e, conseqüentemente, um contingente maior para as batalhas, é que Hilário Franco Jr., afirma que "sem o surto demográfico as cruzadas não teriam sido possíveis nem necessárias".
É verdade que a busca por novas terras e um aumento de poder pelos nobres, além do contexto comercial não podem ser desconsiderados;