coesão
Um texto será coeso se as suas diferentes partes constitutivas estiverem articuladas e interligadas, garantindo a sua unidade semântica. A coesão textual pode ser assegurada através dos seguintes mecanismos linguísticos:
- cadeias de referência;
- repetições;
- substituições lexicais;
- conectores interfrásicos;
- compatibilidade entre informações temporais e aspetuais.
1.1. Cadeias de referência
Estamos perante uma cadeia de referência quando, num texto, há um ou vários elementos textuais que mantêm uma relação de correferência com outra expressão presente no texto, da qual depende a sua interpretação.
Podem integrar as cadeias de referência as anáforas, as catáforas e a correferência não anafórica.
• Anáfora: expressão cuja interpretação depende de outra presente no contexto verbal antecedente.
[antecedente]
(1) Amava, amava as mulheres com sensualidade, estima e ternura. Sinceramente me julgava, perante elas, um sensual, um sentimental e um idealista. Decerto me não tinham inspirado grande ternura ou respeito as que até então fisicamente amara. Mas até essas, não pudera amar (amar da maneira que qualifiquei) sem uma ponta de afetividade e umas veleidades de moralista regenerador. (J. Régio, O Vestido Cor de Fogo)
A expressão nominal as mulheres e as anáforas pronominais elas, as e essas, tal como o termo anafórico elidido (elas) antes do complexo verbal tinham inspirado, formam uma cadeia de referência, uma vez que o referente dos pronomes é o mesmo do da expressão nominal. Todas as expressões reenviam para a mesma entidade extralinguística, que é o referente do antecedente as mulheres e dos termos anafóricos.
A anáfora pode ser pronominal (1), nominal (2), (3), (4), (5), verbal (6) ou adverbial (7):
(2) Aproximava-se um homem de rasgos indianos, coberto por roupas que quase se haviam
convertido em andrajos [...]. O homem parou como se o tivesse fulminado um raio [...] (J.
Saramago, A Viagem do Elefante)