Clínica Rogeriana
Nos anos 60, o movimento cultural nos EUA e os movimentos políticos e culturais brasileiros questionavam a desumanização e os poderes em geral. Nesse contexto o sucesso da Terceira Força da Psicologia se deve ao Zeitgeist desse momento histórico, ao qual, de várias maneiras, suas propostas eram ressonantes e coincidentes, a ponto de, em diversos sentidos, ter sido o movimento da psicologia humanista abarcado como uma das facetas da contracultura. A própria posição geográfica de alguns dos principais centros de desenvolvimento e de difusão da psicologia humanista. (MOREIRA, 2010)
No Brasil, particularmente, foi também num momento político-social e cultural bastante conturbado que a psicologia humanista passou a fazer parte do cenário nacional, era o auge da ditadura militar. As psicoterapias, provavelmente, foram ganhando força nesse momento específico do país, especialmente, por serem entendidas como uma espécie de refúgio psíquico para os ainda descontentes com o sistema, com as alternativas que até aquele momento haviam sido encontradas para os problemas sociopolítico-emocionais decorrentes do enfretamento do regime. Era, de algum modo, a subjetividade individual ganhando espaço num universo predominantemente político. (BEZERRA, 2012)
Nesse sentido, as psicoterapias no Brasil surgem também como um dos poucos espaços de privacidade "total" para os adversários do regime; em seu setting havia a possibilidade de serem geradas novas formas de percepção de mundo, novas maneiras de freqüentar o mundo, novas formas de se viver melhor neste mundo. Nesse microespaço era possível, com liberdade e segurança, "contestar" as relações políticas, educacionais, familiares, amorosas, etc. Com isso, a psicoterapia foi se constituindo entre os brasileiros como um lugar de possíveis mudanças. Nelas, era potencialmente possível a produção de novos sujeitos, de novos modos de ser; ali era viável tratar -