Cinema & subjetividade: uma experiência na oficina guarabu

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Qual é a importância que se encontra no ato de jovens de uma comunidade, produzirem documentários sobre o local e exibirem, em primeira mão, para seus vizinhos? À primeira vista, especialmente se encaramos o cinema como mero entretenimento, não parece haver impacto ou alguma coisa especial nesse ato. Entretanto, se o cinema for encarado como uma forma de socialização e um instância cultural — tão importante como a educação — que produz saberes, identidades, visões de mundo e subjetividades (DUARTE, 2002), os filmes produzidos, os temas abordados e a exibição pública na comunidade começam a ganhar um significado mais profundo. O cinema brasileiro, tem desde o início de sua história, a pobreza como tema recorrente de seus filmes. A favela (carioca) ocupa um lugar de destaque em meio as abordagens de temas relacionados à pobreza. No surgimento de nosso cinema moderno, ela aparece nos dois primeiros filmes de Nelson Pereira dos Santos, Rio 40 Graus (1955) e Rio Zona Norte (???). O morro e a favela nesses filmes são representados a partir da visão do outro, visão esta enternecida e de admiração. Cinco Vezes Favela (???) é um outro filme memorável, composto por cinco curta-metragem, produzidos pelo CPC da UNE, que exploram de maneira mais política a desigualdade e a separação entre morro e asfalto. No entanto, tanto nos curta-metragem de Cacá Diegues, Leon Hirzman, Joaquim Pedro de Andrade, Zezinho da couves e Pedro Bó, quanto nos filmes de Nelson Pereira dos Santos, as vozes de autor e objeto estão separadas. O cinema marginal dos anos 70 e 80 vão tentar romper essa distância, seja pela produção de filmes por pessoas mais próximas à realidade da pobreza, como Ozualdo Candeias, seja pela intenção de penetrar mais intensamente nessa realidade. Nesse sentido, Santa Marta, duas semanas no morro (1987), de Eduardo Coutinho, é interessante pelo fato do diretor através de uma série de entrevistas buscar construir uma representação da realidade da comunidade, através de

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