Cidades

5037 palavras 21 páginas
O amor, a família e a infância são categorias históricas, marcadas pelo vagar do tempo, pelo colorido do espaço e pelas facetas da cultura. Na tela da história brasileira pululam os curumins, as crias ou moleques dos escravos, os sinhozinhos e sinhazinhas das casas-grandes, "miúdos" que povoavam casas, ruas e becos com seus lugares sociais diferenciados. Da multiplicidade de contatos fortuitos, forçados ou relações permanentes surgiam os "frutos" da castidade ou da lascívia, e, dentre eles, emergiam os enjeitados ou expostos que eram comumente abandonados.
Nesse sentido, o artigo aqui proposto procura investigar o abandono indiscriminado de crianças no Recife, entre os anos de 1789 a 1832,1 ao mesmo tempo que busca compreender onde se originavam essas crianças que ninguém queria e por que eram expostas, muitas vezes para a morte, em uma atitude que sinalizava uma certa indiferença e desinteresse da mãe pelo filho que botava no mundo. Essas questões se tornaram um facho de luz a orientar minha incursão nas relações amorosas, sacramentadas e/ou duvidosas, nas práticas discursivas e não-discursivas da pastoral cristã católica, e, por fim, nas arritmias do abandono no Recife com a criação, em 1789, de uma instituição para acolher e criar os filhos alheios: a Casa dos Expostos. As relações amorosas no Brasil colonial
Amar o homem ou a mulher por quem o coração palpita, num "fogo que arde sem se ver", como dizia Camões,2que não se esvai em "trêmulos harpejos", que não se consome "só [em] delírios e desejos",3 atina para uma forma diferente de amar, de um amor romântico4 que une ágape e eros, "o amor a si e o amor ao outro",5 onde a reciprocidade e a livre escolha dos cônjuges urdem as teias tênues e frágeis das relações amorosas. Esses sentimentos e valores, tão presentes nos dias atuais, eram desconsiderados ao se tratar dos acordos matrimoniais no Brasil colonial, os quais tinham como fundamentos alianças familiares e como pressuposto a igualdade social entre

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