Cidadania no brasil
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
No dia 7 de setembro de 1822 foi proclamada a independência do Brasil, a partir desta data o Brasil deixou de ser uma colônia de Portugal, mas herdou uma tradição cívica. Em três séculos de colonização (1500-1822), os portugueses tinham construído um enorme país dotado de unidade territorial, linguística, cultural e religiosa. Tinham também deixado uma população analfabeta, uma sociedade escravocrata, uma economia monocultora e latifundiária, um Estado absolutista. O efeito imediato da conquista foi à dominação e o extermínio, pela guerra, pela escravização e pela doença, de milhões de indígenas. A conquista teve conotação comercial, a colonização foi um empreendimento do governo colonial aliado e particulares. A atividade que melhor se prestou á finalidade lucrativa foi à produção de açúcar, mercadoria com crescente mercado na Europa. Essa produção tinha duas características importantes: exigia grandes capitais e muita mão de obra. A primeira foi responsável pela grande desigualdade que logo se estabeleceu entre os senhores de engenho e outros habitantes; a segunda, pela escravização dos africanos. Outros produtos tropicais, como o tabaco, juntaram-se depois ao açúcar. Consolidou-se, por esse modo, um traço que marcou durante séculos a economia e a sociedade brasileira: o latifúndio monocultor e exportador de base escravista. Formaram-se, ao longo da costa, núcleos populacionais baseado neste tipo de atividade que constituíram os principais polos de desenvolvimento da colônia e lhe deram viabilidade econômica até o final do século XVII, quando a exploração do ouro passou a ter importância.
A mineração, sobretudo de aluvião, requeria menor volume de capital e de mão de obra. As fortunas podiam surgir e desaparecer rapidamente. O ambiente urbano que logo a cercou também contribuía para afrouxar os controles sociais, inclusive sobre a população