Choque de civilização

choque das civilizações e a recomposição da ordem mundial” é um dos mais provocativos ensaios que tem surgido nos últimos anos e, no entanto, quase não despertou interesse nem obteve maior repercussão entre nós, o que atesta o alheiamento que nos caracteriza quanto aos grandes rumos do pensamento mundial, em suas novas estruturações de poder, expressos em articulações geopolíticas e estratégias de dominação, contenção e poder.
O autor é um conhecido cientista político norte-americano, o professor Samuel P. Huntington, que já manteve contato, inclusive com as nossas maiores lideranças, em especial durante os tempos do regime militar, quando lançou “A ordem política nas sociedades em mudança” (Forense-Universitária,
São Paulo, 1975), escrito em 1968, sob os auspícios da Universidade de Harvard, onde defendia a tese de que em política, como em economia, aumenta o abismo entre desenvolvidos e subdesenvolvidos e acentuava o caminho tomado pelos países subdesenvolvidos, em especial na América Latina, para o pretorianismo, isto é, a sucessão de golpes de Estado e governos autoritários exercidos sob o manto das forças armadas, o que seria uma forma de exercer autoridade e governar, onde o exercício do poder público era, no mais das vêzes, escasso e superado pelos corporativismos. Em outra obra, publicada pela Biblioteca do Exército, em 1996, “O soldado e o Estado: teoria política das relações entre civis e militares”, ele aprofundava esta questão, tão candente para nós, em tempos passados, da intervenção militar na política. Deve-se notar que Huntington andou peregrinando, inclusive aqui no
Brasil, para tentar acertos sobre a normalização democrática, conforme, aliás, o atesta, en passant, o general Geisel, em suas memórias: “houve uma tentativa, no governo Médici, ao final, para a normalização, feita pelo Leitão de Abreu. O Sr. Huntington, cientista político americano, em visita ao
Brasil, conversou com o Leitão de Abreu sobre as possibilidades de