China: ascensão, queda e retomada como poder global
Introdução
O estudo do poder mundial tem sido prejudicado por historiadores eurocêntricos que têm distorcido e ignorado o papel dominante que a China desempenhou na economia mundial entre 1100 e 1800.
A brilhante pesquisa histórica de John Hobson1 a respeito da economia mundial durante esse período fornece dados empíricos abundantes, que tratam da superioridade econômica e tecnológica da China sobre a civilização ocidental na maior parte do milênio, antecedendo sua conquista e o declínio no século XIX.
A reemergência da China como poder econômico mundial levanta importantes questões sobre o que podemos aprender de sua anterior ascensão e queda, bem como a respeito das ameaças internas e externas a esse superpoder econômico emergente para o futuro imediato.
Primeiramente, vamos esboçar os principais contornos da ascensão histórica da China rumo à superioridade econômica no Ocidente antes do século XIX, seguindo de perto as considerações de John Hobson emThe Eastern Origins of Western Civilization [As origens orientais da Civilização Ocidental]. Desde que a maioria dos historiadores econômicos do ocidente (liberais, conservadores e marxistas) apresentou a China histórica como uma sociedade estagnada, retrógrada e paroquial, como um "despotismo oriental", algumas correções cuidadosas precisam ser feitas. É especialmente importante enfatizar como a China, a potência tecnológica mundial entre 1100 e 1800, tornou possível a emergência do Ocidente. Foi apenas por meio do empréstimo e assimilação das inovações chinesas que o Ocidente foi capaz de fazer a transição para as economias modernas capitalistas e imperialistas.
Na parte 2, vamos analisar e discutir os fatores e as circunstâncias que levaram ao declínio da China no século XIX e sua subsequente dominação, exploração e pilhagem pelos países imperiais do Ocidente, primeiramente a Inglaterra e depois o resto da Europa, Japão e Estados Unidos.
Na parte 3, vamos