Chervel x chevalard

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Alguns estudiosos da educação vêm promovendo desde o final da década de 1980 debates preciosos sobre a história das disciplinas escolares. Começando pela própria noção de disciplina, os franceses Yves Chevallard e André Chervel são pioneiros. Para o primeiro autor, a disciplina escolar consistiria numa adaptação da ciência de referência que permitisse o seu trabalho com jovens leigos. ‘Usos do Passado’ — XII Encontro Regional de História ANPUH-RJ 2006: 2

Através de uma “transposição didática” os conteúdos seriam pensados e reestruturados metodologicamente em favor da produção de um conhecimento escolar.
Por outra via, Chervel privilegia o conhecimento produzido pela escola, considerando a “ciência erudita” uma referência simbólica menor que tudo aquilo que será elaborado com um certo grau de autonomia no conjunto da cultura escolar.

Leituras recentes sobre esses educadores propõem um abismo, encaixando-os em dois extremos. A defesa acirrada das idéias de Chervel em detrimento de Chevallard se explica pelo fato de que os pesquisadores identificam neste último uma separação muito intensa entre pesquisa e ensino.
O ensino seria responsável pela vulgarização de conhecimentos e não por sua produção.

Numa outra perspectiva, pode-se depreender que os dois autores utilizam caminhos diferentes na conceituação das disciplinas, contudo de maneira alguma opostos. As interpretações chegam quase a se tocar na medida em que privilegiam o processo. Chevallard refere-se a uma transformação que por si já modificou a base cedida pela ciência de referência e criou algo novo, ou seja, o conhecimento escolar. Chervel trata de um processo mais atento às necessidades do ambiente, o que acontece no interior da instituição escolar, e por isso tende a modificar mais grosseiramente a tal ciência erudita. No entanto, é impossível deslocar-se completamente da mesma, já que a todo instante será a referência, não como um modelo, mas fornecendo instrumental que permite ao

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