CHAU
O objetivo principal da autora Marilena Chauí na sua obra é discutir o ‘mito fundador’ do Brasil, presente no imaginário por mero acaso. Para ela, o mito fundador do Brasil, revestido de diversas formas no pensamento social, ao longo da história brasileira fornece a base para as comemorações, porém trata-se de uma criação ideológica formulada para impor uma visão de mundo que beneficia alguns poucos brasileiros. No penúltimo capítulo de sua obra que por um forte acaso leva o nome de “o mito fundador”, Marilena Chauí discorre sobre a forma como foi produzido o mito fundador do Brasil. A mesma ressalta que o Brasil não estava á espera de Cabral, não sendo assim uma descoberta, trata-se antes de uma invenção histórica e uma construção cultural, instituído como colônia portuguesa e inventado como “terra abençoada por Deus”. O texto em sua conjuntura também apresenta a forte relação feita com a natureza, pois é nela que se funda desde o descobrimento do Brasil em 1500, a ideia do paraíso na terra, os topos do Oriente como jardim do éden, lançando assim o individuo para fora da história concreta. O mito fundador possui relação também com a história teológica ou providencialista, e o Brasil é explicado segundo essa lógica, ocorrendo assim também com a sagração do governante, desde a origem da criação do Brasil em um sistema capitalista mercantil, que é simultaneamente estado absolutista, ou seja Deus é representado pelo rei e não os governadores. O próprio nome ‘Brasil’ é indicativo disso: Braaz (fenícios) ou Hy Brazil (irlandeses) era o nome que designava as ilhas afortunadas ou ilhas bem-aventuradas, um mito poderoso descrito em escritos medievais sobre um lugar abençoado, a oeste do mundo, no qual reina primavera e juventudes eternas e onde os homens e animais convivem em paz. Logo mais tarde foi achada a primeira