Casa Das Canoa1

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05/04/2015 20:57

Para quem conseguiu nunca cantarolar Tom Jobim ao sobrevoar o Rio de Janeiro vai ser mais difícil se render aos encantos desta casa que o arquiteto Oscar Niemeyer projetou e construiu para morar, um marco da arquitetura moderna. Mas vale a pena tentar. Vale a pena tentar descobrir a força da natureza e da paisagem do Rio de Janeiro, bem como seu papel, fundamental, no processo de transformação da cidade e de construção de uma cultura carioca, muito brasileira. O deleite do olhar estrangeiro, a euforia por se considerar finalmente merecedor do paraíso recuperado nos trópicos – exuberante de perfumes, cores e tentações – perpassa relatos, povoa o inconsciente, manifesta-se como herança em cada gesto criativo em direção à cidade. E a Casa das Canoas é uma de suas melhores traduções.
“Minha preocupação foi projetar minha residência com inteira liberdade, adaptando-a aos desníveis do terreno, sem o modificar, fazendo-a em curvas, de forma a permitir que a vegetação nela penetrasse, sem a separação ostensiva da linha reta. E criei para as salas de estar uma zona em sombra, para que a parte envidraçada evitasse cortinas e a casa ficasse transparente como preferia”, resume o arquiteto. Projetada no início da década de 50, e concluída em 1953, esta casa reúne assim os elementos que estavam no cerne dos debates sobre a arquitetura moderna na época. Debates que lembram a importância que o Brasil já teve no cenário da renovação da arquitetura mundial.
A Casa das Canoas é um marco em um dos trechos do longo caminho profissional trilhado por Oscar Niemeyer – aquele que se inicia no conjunto de Pampulha em Belo Horizonte (1940/42), passa pelo Parque do Ibirapuera em São Paulo (1951/54), culminando em Brasília (1957/61) –, trecho este definido pelo arquiteto como uma caminhada em busca da curva livre e criadora, de afirmação da plasticidade potencializada pelo concreto armado e de pesquisas

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