Carneiro- Desenvolviemnto em crise

CARNEIRO, R.A estabilidade inflacionária o Plano Real. In: “Desenvolvimento em Crise: a economia brasileira no último quarto do século XX”. São Paulo: UNESP/IE-UNICAMP, cap. 10. 2002.

No presente capítulo, “A estabilidade inflacionária: o Plano Real”, Carneiro faz uma análise do plano de estabilização implantado em 1994 no então governo de Itamar Franco, cujo ministro da fazenda era Fernando Henrique Cardoso. Para Carneiro, o principal ponto de distinção do plano de estabilização foi o uso da âncora cambial como instrumento de estabilização do valor interno da moeda, ou seja, o controle da inflação seria dado através do controle do valor externo da moeda. Portanto, o valor externo da moeda deveria ser fixado e a estabilidade do valor interno da moeda deveria ser dada pela constância do poder de compra em relação a uma cesta de bens. Para isso, algumas medidas deveriam ser tomadas e alguns pré-requisitos deveriam ser alcançados para se evitar mais um fracasso de estabilização e, portanto, o aprendizado dos erros e acertos dos planos anteriores forem amplamente utilizados. Sabe-se que o plano obteve sucesso no que tange a controlar a inflação, mas Carneiro aponta também algumas adversidades do plano que culminaram na crise de 1998-1999, entre elas os efeitos sobre o consumo, saldo comercial, saldo primário, investimento e dívida pública. O autor realiza no texto em questão, um levantamento de diversas condições previamente necessárias para que o plano de estabilização baseado em uma âncora cambial pudesse ser realizado. Entre esse pré-requisitos estavam: equilíbrio fiscal, influxos voluntários de capitais, mecanismo de indexação para promover a transferência para a nova moeda. Segundo Carneiro, a principal condição era a de que fosse possível estabelecer um valor externo da moeda sem que o mesmo fosse ameaçado por choques de preços e percalços no financiamento do balanço de pagamentos. Portanto, o cenário internacional favorável constituía uma condição