CAPÍTULO 4 - HERDEIROS DE ARISTÓTELES

1) Quando as obras “perdidas” de Aristóteles e outros livros de ciência foram introduzidos na Europa, a reação da Igreja Católica, inicialmente, foi a de aceitar as descobertas, mas sempre colocando-as dentro de um contexto religioso mais amplo, ou seja, tentando adaptar (encaixar) o novo saber aos dogmas da Igreja.
Ex.:
A Medicina de Galeno e a Biologia de Aristóteles : os cadáveres continuam mortos
A Igreja Católica: isso era verdade, mas no mundo da natureza, que em raras ocasiiões, Deus podia ressuscitar os mortos.
Aparente conflito que podia ser resolvido admitindo-se os milagres como exceções ocasionais às regularidades da natureza, bem como aceitando o Reino dos Céus on de as verdades indubitáveis da “filosofia natural” fossem anuladas.
Outra maneira de dizer:
Deus opta por exercer o seu poder ilimitado deixando que a natureza funcione autonomamente, de acordo com os princípios de Aristóteles. Mas, como Deus é Onipotente, Ele pode fazer, às vezes, o que bem entender.
Entretanto, a discussão com os albigenses resistia a essa solução elegante e útil (dissociar o mundo natural do sobrenatural), especialmente as discussões que envolvessem os seguintes temas:
- o problema do mal;
- a eternidade do mundo;
- a invariabilidade das leis naturais;
- a natureza da alma.

Lidar com esses debates de maneira que satisfizesse os cristãos instruídos exigia uma sofisticação filosófica maior do que os pregadores católicos até então existentes. Para derrotar os albigenses era necessário utilizar os argumentos de Aristóteles no debate.
2) Em 1205, um especialista, teólogo espanhol, 35 anos: Domingos de Gusmão, formado pela Universidade de Palência. Acompanhou seu Bispo a uma reunião de legados papais em Montpellier. Foi ordenado pelo Papa Inocêncio III a entrar num embate retórico com os albigenses. Domingos de Gusmão pediu permissão ao Papa para fundar uma nova ordem de pregadores a fim de conduzir uma luta contra os albigenses em toda a Europa.