Capitaes Da Areia

Mas o Capitães da Areia filme se distanciou em densidade dramática – e também em ritmo – do bom livro de Amado. mas não vi as tramas serem bem resolvidas. Não que o filme pareça tentar fugir dessa estrutura industrial de cinema, onde existem problemas para serem criados e resolvidos. Não existe uma ruptura (morro de medo de usar essa palavra nos dias de hoje) com a fórmula convencional de roteiro, de linguagem, nada disso. A maioria das tramas começa de uma forma bem comum, mas não terminam.
Os atores encontram dificuldade para transmitir a verdade da história. O enredo fica meio sem graça, sem ação, forçando alguns estereótipos do que é a Bahia, do que são os meninos de rua. Além, é claro, da eterna frustação de quem lê um livro e depois vê a sua adaptação. Perde-se, com isso, o contrato de coautoria entre autor e leitor: a Dora, única menina no meio dos Capitães de Areia, não tinha o mesmo rosto que a minha Dora teve. O trapiche não era como eu o concebera. Padre José Pedro, personagem tão importante no enredo, fica em segundo plano, quase sem demonstrar quem é... Frustração!
Frustrações à parte, o enredo se arrasta. Falta construção dramática, um pouco de suspense, encadeamento entre as histórias dos personagens. Definitivamente, não é um bom filme. Definitivamente, há obras literárias que não nasceram para virar cinema...

Mesmo sabendo que o filme não iria conter todos os detalhes do livro, eu achei que poderia ter um pouquinho mais. Eu reconheci fácil os personagens, e lembrei da história de cada um deles, que foi contada no livro. Mas, quem não leu o livro vai conhecer os personagens do filme de maneira superficial. Fora isso, gostei bastante do filme. As partes mais importantes do livro estão lá, e gostei muito da escolha dos atores.